presa às escadas as quais desço
nos dias em que fujo da multidão
dos elevadores de aço
pairo para contemplar as suas pernas
cabeludas, a sua mandíbula pontuda,
e a sua perversa mania de ficar
com todos os olhos intocáveis
a me encarar imóvel
me espelho na imagem desta aranha
que a mil versos me clama
que lhe escreva uma prosa
em estado de poema
me finjo na carne desta mulher
que antes da teia calculou
o espaço perfeito – infinito –
no canto de uma parede atrás do vidro
para ser contemplada